Território Indígena Tupinambá de Olivença (Ilhéus/Bahia), Julho 2015.
“Jacy îandé Jacy
Mba-e pé moindy îandé taba
Tupã our tym
Isapé îandé taba
Ixé asô Xe sy Jacy
To-uri pitibõ
Ixé asó Xe uby Tupã
Pé îandé taba by
Ama mba’é Taba Ama
Supy Atã Tupã
Ama mba’é Taba Ama
Amaé Tupã Piain Ndêtã
Ama mba’é Taba Ama
Ama Paui Betã
Ama mba’é Taba Ama
Taba Tupinambá”
(Canção Ritual Tupinambá)
(“Jacy é nossa lua / Que clareia nossa aldeia / Tupã venha arramiar /
Iluminar nossa aldeia / Eu vou pedir a minha mãe Jacy / Que ela venha a nos
ajudar / Eu vou pedir a meu pai Tupã / Para nossa aldeia se levantar / Levanta
essa aldeia, levanta / Com as forças de Tupã / Levanta essa aldeia, levanta /
Olha Tupã seus os filhos / Levanta essa aldeia, levanta / Levanta sem demorar /
Levanta essa aldeia, levanta / A Aldeia Tupinambá”)
http://www.youtube.com/watch?v=UL6kCQpBq_I
Com este cântico inicia-se o ritual do Porancy,
realizado em diferentes momentos pelos Tupinambá de Olivença, especialmente, no
início e fim de encontros importantes como serão os que aqui anunciamos. É com esta canção do Povo Tupinambá que evocamos
nossas Encantadas/Encantados e também iniciamos o convite para você
participar da sétima versão do Seminário Índio
Caboclo Marcelino: Histórias, Culturas, Saberes e Lutas dos Povos Indígenas do
Brasil e da América Latina de
23 à 27 de setembro de 2015. Seminário que acontece às vésperas da histórica e
significativa XV Caminhada
Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e ao Índio
Caboclo Marcelino (27 de setembro de 2015). Eventos
realizados no Território Tupinambá localizado em Olivença - lhéus/Sul da Bahia.
A
Comissão Organizadora da VII Seminário Índio Caboclo Marcelino é formada
por Indígenas moradores do Território Tupinambá de Olivença (Ilhéus/Bahia),
Discentes/Docentes da Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença, pela
Associação Beneficente de Cultura Sustentável e Promotora da Pesca e do
Artesanato dos Índios Tupinambá de Olivença-APAITO e por Discentes/Docentes da
Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC.
Assim, temos
a satisfação de convidar para
participar deste evento que procura fortalecer, divulgar e consolidar apoios à
luta do Povo Tupinambá e de todos os Povos Indígenas pela demarcação do Território
Tradicional, por direitos, alteridade e autonomia. Busca-se também
a troca de saberes e conhecimentos entre os Tupinambá, Indígenas de diferentes
Povos e todos que apoiam nossa luta.
O evento
nasceu em 2008 realizado por alunos e professores de História da UESC. Foi concretizado,
novamente, em 2009 e em 2010 não aconteceu. Ressurgiu em 2011 como uma resposta
de um grupo de pessoas (Indígenas e Apoiadores) às prisões de Tupinambá que
estavam ocorrendo, perseguições, criminalizações e reintegrações de posse.
Em 2012
ocorreu a Retomada simbólica do Seminário pela Comunidade Tupinambá, sendo
realizado a partir de então nas Aldeias Tupinambá, contando com a expressiva
participação indígena na organização e atividades desenvolvidas. O Seminário acontece num
contexto marcado pela autodemarcação territorial que os Tupinambá realizam no
sentido que aconteça o mais rápido possível a demarcação de suas terras
Participam
do evento pessoas (Indígena e Apoiadores) vindas de outros países (Argentina,
Colômbia, França, México), estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais
entre outros), cidades, localidades e bairros da região. Em 2013 e 2014 ganhou
força o caráter itinerante do Seminário, culminando com Manifestos de Apoio a
Luta do Povo Tupinambá e sendo entregue pelos participantes ao Ministério
Público Federal e Tribunal Regional Federal local.
O Seminário
é aberto à Indígenas e todas/todos aqueles dispostos à discutir, estudar,
pesquisar, lecionar, refletir e apoiar as Culturas, Saberes e Lutas Indígenas.
Não existem exigências com grau de instrução e limite de idade. Todos são
considerados como palestrantes porque acreditamos que na nossa tradição a troca
de saberes não tem fronteiras e nem precisa de regras formais.
Neste ano
(2015) iremos novamente nos reunir com Apoiadores e Parentes de diferentes
localidades para consolidar cada vez apoio a Luta Tupinambá e de outros Povos
no sentido de: apressar o governo na Demarcação Territorial; garantir direitos, alteridade e autonomia. Por isto sua presença e da comunidade onde
está é fundamental no sentido de também fortalecer os Apoiadores da Luta
Tupinambá e Indígena.
Este ano
(2015) temos o importante apoio do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior - ANDES. Apoio aprovado em seu Congresso
Nacional realizado em fevereiro/2015. O Seminário
Índio Caboclo Marcelino vem
ganhando expressão e importância também por seu caráter interdisciplinar
(participam: historiadores, educadores, antropólogos, sociólogos,
psicanalistas, geógrafos, jornalistas, profissionais da área jurídica) e,
fundamentalmente, pela presença da população indígena e de pessoas como você
que está lendo este texto.
O evento é internacional porque conta com a participação de argentinos, colombianos, franceses,
mexicanos. O conhecimento acadêmico e de diferentes culturas é
colocado em diálogo constante com os saberes tradicionais numa relação de
respeito e intercâmbio.
Objetivamos
também reativar o Grupo de Observadores Nacionais e Internacionais de
Apoio à Luta do Povo Tupinambá de Olivença e demais Povos. Vivemos numa região
(Sul da Bahia) formada por Povos Indígenas que ainda encontram-se na luta pela
demarcação de suas terras ancestrais, contra a criminalização e perseguições
que sofrem: Tupinambá, Pataxó, Pataxó Hã Hã Hãe.
Este ano (2015) no mês de abril foi assassinado o Parente Pinduca Tupinambá. Mas outros também já morreram ou foram vitimados como o Parente Bijupirá que perdeu uma das pernas após ser baleado. Em nome destes Gwarinis Atãs e nossos Ancestrais que também realizamos o Seminário
Este ano (2015) no mês de abril foi assassinado o Parente Pinduca Tupinambá. Mas outros também já morreram ou foram vitimados como o Parente Bijupirá que perdeu uma das pernas após ser baleado. Em nome destes Gwarinis Atãs e nossos Ancestrais que também realizamos o Seminário
Não
obstante, sabemos que estas lutas não ocorrem somente nesta região. Os Povos
Originários brasileiros e da latinoamerica cada vez mais se mobilizam pela
conquista e manutenção de seus direitos e dos territórios tradicionais. Os
ataques são muitos como as tentativas de modificar a constituição (PEC 215,
Portaria 303 da AGU etc) e alterar o processo de demarcação territorial,
revendo mesmo territórios já demarcados.
Por um lado o governo federal coloca históricos inimigos dos Povos Indígenas em cargos de direção, como é o caso da ministra da agricultura: Kátia Abreu. Do mesmo modo, o atual governo não realiza mais demarcações deixando vários Relatórios Demarcatórios arquivados. Ao que tudo indica o atuais mandatários do poder desejam rever as demarcações. Por outro lado o congresso nacional é formado por um grande bancada ruralista que pressiona para um processo de retrocesso em relação a várias questões (como a redução da idade penal), entre elas a questão indígena. Um congresso que só faz aumentar o ódio contra os Povos Originários.
Por um lado o governo federal coloca históricos inimigos dos Povos Indígenas em cargos de direção, como é o caso da ministra da agricultura: Kátia Abreu. Do mesmo modo, o atual governo não realiza mais demarcações deixando vários Relatórios Demarcatórios arquivados. Ao que tudo indica o atuais mandatários do poder desejam rever as demarcações. Por outro lado o congresso nacional é formado por um grande bancada ruralista que pressiona para um processo de retrocesso em relação a várias questões (como a redução da idade penal), entre elas a questão indígena. Um congresso que só faz aumentar o ódio contra os Povos Originários.
Como consequência
os Povos Indígenas neste lugar que alguns chamam de Brasil confrontam-se com
políticas, normatizações jurídicas, administrativas e manifestações contrárias
aos seus direitos. Enfrentam ações de violências através de reintegrações de
posses, crimes de mortes, tortura, prisões, ações racistas, perseguições.
Por isto
que a organização do Seminário Índio Caboclo
Marcelino ocorre através de
reuniões na comunidade e ouvindo lideranças e caciques: caminhos que são
percorridos secularmente, desde os tempos dos ancestrais remontando a ideia de
memórias, identidades, culturas e lutas dos Povos Indígenas. Tenha
certeza que sua participação é também um a atitude política para deter as
agressões físicas e aos direitos indígenas.
Salientamos
que este Seminário, carregando em seu nome a importante figura do guerreiro
indígena Caboclo Marcelino (veja texto sobre Marcelino neste espaço), tem como
um de seus propósitos ser um evento que não fique restrito ao mundo acadêmico.
O objetivo é que ele seja resultado da ação da comunidade local/regional,
especialmente, a indígena. Por isto a ideia é que o Seminário ocorra sempre
no mês de setembro, próximo ao último domingo, quando acontece a Caminhada Tupinambá
em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e à Luta de Caboclo
Marcelino.
Deste modo,
queremos que este evento não ocorra apenas por uma necessidade acadêmica ou
resultante da obrigatoriedade constituída pela Lei 11.645, de 10 março de 2008,
que: “estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e
Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Ao mesmo
tempo, vale salientar que a proposta do Seminário é ampliar, aprofundar e
contribuir com a discussão sobre a história, memória, cultura e lutas (passadas
e atuais) dos povos indígenas do Sul da Bahia, mas também de outros lugares, no
Brasil e na América Latina. Desejamos contribuir com a luta contra a
criminalização, atentados e racismo que vivencia a população indígena brasileira
e latino-americana na LUTA PELO TERRITÓRIO ANCESTRAL E RECONHECIMENTO/ALTERIDADE
ÉTNICO:
A força dos povos indígenas brasileiros, assim
como da América, vem da natureza de “la Madre Tierra" - Pachamama". A
luta pelas terras tradicionais não é para a obtenção de propriedades. É a luta
pelo sagrado, pela natureza e por aqueles que mais a preservam: os índios.
Quando um índio está na natureza ele não está só. Com ele estão: o sagrado,
seus ancestrais, os parentes mortos e vivos. Como escreveu Aguirre Rojas sobre a luta indígena em Chiapas no México:
"los dignos indígenas rebeldes de Chiapas hablan de la tierra la que para
ellos, igual que para los indígenas ecuatorianos o bolivianos, y también para
los índios brasileños (ou argentinos), no connota a un simple bien comercial y
transferible, ni a un pedazo geográfico del terreno degradado a la condición de
mercancía, sino más bien a la verdadera “Madre Tierra”, a la “Pachamama”,
concebida como fuente general e imprescindible de la vida..." (SANTOS, Carlos José F. ”A Solidão na Metrópole: a cidade Pós-Moderna”. In: Ia.
Jornada Internacional “Mal-Estar en la Cultura: la Soledad. São Paulo/General Del Pico: Proyecto Etcétera y
Tal... psicoanálisis y sociedad - Digitado, 2011)
Fazemos assim nossas as palavras que
estão no sítio Índios Online:
O Estado Brasileiro tem uma dívida histórica com os
Povos Indígenas, é preciso mais que urgente que todos os cidadãos brasileiros
somem forças para cobrar que esta dívida seja definitivamente paga com a
demarcação dos Territórios Tradicionais. É por causa dessa inércia do Estado
que somos obrigados a fazer por nossa conta e risco a auto-demarcação de nossos
Territórios Tradicionais. Nós Indígenas não somos invasores de terras. Quando o
Brasil foi invadido pelos portugueses, aqui já existiam os hoje chamados
indígenas. Nossos ancestrais já habitavam este território chamado Brasil.
(http://www.indiosonline.org.br/novo/cacique-maria-valdelice-presa-injustamente/comment-page-1/#comment-15881).
(http://www.indiosonline.org.br/novo/cacique-maria-valdelice-presa-injustamente/comment-page-1/#comment-15881).
Por fim, destacamos que sete
anos de um evento como este
é uma demonstração de quanto a força das energias e saberes indígenas, podem
produzir sabedorias alternativas e vivas. O Seminário Índio
Caboclo Marcelino não
possui fins lucrativos e nenhuma forma de financiamento público/privado. Ele é autônomo
e autogestionário, baseado nos princípios da alteridade e autonomia, com
inspiração na luta dos Parentes Zapatistas do México e Mapuche Chile/Argentina.
Os únicos
apoios que possuímos são: o transporte durante o evento (feito
pelo Colégio Estadual Indígena Tupinambá de Olivença); a alimentação
organizada pela comunidade e em parte oferecida pelo Colégio Indígena. As
hospedagens são oferecidas em nossas casas e ocas e/ou através das próprias
custas dos participantes.
As
inscrições são totalmente gratuitas, sendo solicitada algum tipo de
contribuição não obrigatória. Frisamos isto porque desejamos realizar nossas
atividades com completa autonomia e de forma autosustentável.
O evento
busca envolver a totalidade do Território Tupinambá. Os lugares são escolhidos
nas reuniões da comissão, procurando sempre adequar aos diferentes momentos e
necessidades de organização (alimentação, transporte, hospedagem e segurança).
Lembramos
que o Seminário encerra com a XV Caminhada Tupinambá em Memória aos
Mártires do Massacre do Rio Cururupe e à Caboclo Marcelino.
Kuekatu
e será uma grande alegria contar com sua presença no:
VII Seminário Índio Caboclo Marcelino: Histórias, Culturas, Saberes e
Lutas dos Povos Indígenas do Brasil e da América Latina
Parente eu agradeço
Agradeço de coração
Nossa Luta é muito grande
Mas nós lutamos por precisão
AWÊRE !!!
COMISSÃO ORGANIZADORA DO VII SEMINÁRIO ÍNDIO CABOCLO
MARCELINO
Olivença –
Ilhéus – Bahia
Território
Tupinambá
AWÊRE !!!
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Deixo um vídeo do ano passado feito pelo Coletivo "Índio É Nóis".
Nele convidamos todas e todos a virem ao nosso Seminário.
https://www.youtube.com/watch?v=psz9-JSk1WA
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Deixo um vídeo do ano passado feito pelo Coletivo "Índio É Nóis".
Nele convidamos todas e todos a virem ao nosso Seminário.
https://www.youtube.com/watch?v=psz9-JSk1WA